Vamos ver como 5 projetos que mostram como planejar o uso da água de modo sustentável no paisagismo e por que essa é uma tendência que vale a pena ser observada.
Nós usamos água todos os dias, e de muitas maneiras. É um recurso tão onipresente que muitas vezes não pensamos muito sobre seu uso ou como ela é tratada dentro de infraestruturas ocultas. Precisamos dela para sobreviver e prosperar, e o acesso à água saudável e potável é uma preocupação premente que o campo da arquitetura paisagística pode e deve propor novas soluções de impacto.
A água precisa ser tratada e ser considerada como um recurso precioso, bem como uma oportunidade de criar paisagens sustentáveis que funcionem bem e sejam projetadas para os humanos, os animais e o meio ambiente.
Abaixo alistamos projetos extraordinários que vão inspirá-lo a pensar sobre as diferentes maneiras de usar a água no paisagismo. O manejo sustentável da água não é apenas para o meio ambiente, mas também para as pessoas e a vida selvagem.
5 técnicas para uso da água no paisagismo sustentável
1. Inflitrações e Drenagem
Zollhallen Plaza em Freiburg, Alemanha.
A água que bebemos depende da água pluvial e superficial para recarregar corpos de água, reservatórios e poços. Quando chove, em geral, a água se infiltra no solo e é carregada pelo solo, se infiltra e recarrega o lençol freático, mas em áreas urbanas, a pavimentação interrompe esse ciclo e afasta a água do local onde caiu. A primeira maneira de usar efetivamente a água é deixar que a água naturalmente se infiltre no solo para recarregar as reservas aquíferas subterrânea e trazer de volta a função natural do ciclo da agua.
O projeto Zollhallen Plaza, em Freiburg, Alemanha, impede que águas pluviais e o escoamento fluam para o sistema de esgoto; ele foi projetado para lidar com tudo no local. Pavers permeáveis permitem que a água passe pela paisagem construída e seja direcionada para áreas de plantio.
Além disso, cisternas são usadas para capturar e armazenar excedentes de águas pluviais evitando inundações até então comuns no local. Esta praça é um belo local que lida com a água de forma eficiente. A Zollhallen Plaza nos mostra que é possível pensar fora da caixa e não apenas pavimentar tudo. Qualquer novo projeto hoje deve ter os conceitos de gestão da água como uma premissa, isso inclui não apenas lidar com a permeabilidade da água pluvial, mas também criar um sistema de gestão abrangente que permita armazena-la e não sobrecarregar os sistemas de escoamento das cidades.
No modelo abaixo vemos a demonstração de 3 cenários, no primeiro inundações de níveis cataclísmicos (que ocorrem na região cerca de 1 vez a cada 100 anos), no cenário seguinte, inundações de grande porte que ocorrem uma vez a cada 10 anos e no ultimo cenário, vemos o comportamento desse tipo de projeto para as chuvas regulares.
2. Restauração Ecológica
Orongo Poverty Bay,na Nova Zelândia.
Como já dissemos, a água não sustenta só os humanos, mas a vida selvagem também depende dela e do seu valor ecológico. Infelizmente, a atividade humana mudou os sistemas naturais das águas e degradou o habitat crítico da vida selvagem. Estudos e projetos avançados no campo de restauração sistêmicas tem abordado questões como essa e meios de recuperar a ecologia funcional de um local.
Nesse sentido, Nelson Byrd Woltz criou um projeto inspirador no campo de integração da água com a restauração ecológica e da agricultura. Como parte de seu estudo de agricultura de conservação, o Plano Diretor de Conservação da Estação Orongo em Poverty Bay, Nova Zelândia, restaurou áreas úmidas para usar a água como um driver ecológico. Historicamente, as zonas úmidas eram drenadas para serem convertidas em pastagens e um dos objetivos deste projeto era trazê-los de volta. No entanto, estes não são pântanos comuns – eles foram projetados como uma obra de arte viva. A inspiração foi tirada do paisagista Roberto Burle Marx e de sua obra altamente abstrata. Pântanos de água doce e pântano salgado trouxeram de volta ecologias nativas e agora fornecem habitat para as aves na ilha. Este projeto conserva lugares que nunca deveriam ter sido comprometidos ao integrá-los à paisagem cultural do povo nativo Maori.
Os vales de pré-tratamento coletam a água doce, filtram com plantas e as represam nas zonas úmidas até que possam ser drenadas. Os campos agrícolas foram reorganizados para acomodar a restauração e seus limites foram reflorestados para proteger as culturas cítricas. Isso integra a atividade humana que trabalha em harmonia com sistemas naturais. A arquitetura paisagística tem o potencial de impulsionar essa ideia e usar a água a nosso favor, e para o benefício de outras espécies, também.
3. Wetlands & Purificação
Park van Luna by HOSPER em Heerhugowaard, Holanda
Planejar a água no projeto não é apenas sobre coleta e drenagem. Purificar a água e limpar a poluição que ela carrega não só leva a uma comunidade mais saudável, mas a um ambiente mais saudável. O gerenciamento da água pode ser sútil, ou muito evidente, como Park van Luna, na Holanda.
Aqui, um empreendimento residencial é integrado com oportunidades de lazer e um grande corpo de água que reduz inundações, preserva áreas úmidas e capta águas pluviais. Parte importante do projeto é que, todo o desenvolvimento vem sendo executado com o uso de energia solar renovável, tornando-a neutra em carbono.
Fica em uma ilha, cercada por um lago de 60 hectares, então faz sentido abraçar a água e gerenciá-la de uma maneira única. Reduzir a pegada climática, preservando o meio ambiente, é o modo como o campo deve impulsionar o novo desenvolvimento no futuro.
De um total de 177 hectares, 75 são dedicados a espaço aberto e esportes; atividades que promovem a interação social. Uma praia de 1 km, centro esportivo e ciclovias, incentivam uma comunidade saudável.
No que diz respeito ao uso da água, este projeto se destaca no processo de limpeza e purificação. Uma área de purificação natural, uma lagoa de desfosfatização e uma estação de bombeamento encorajam os moradores a interagir e aprender sobre os sistemas. O sistema também foi projetado para armazenar uma grande quantidade de água para ser usada durante os meses de verão.
2. Armazenamento & Contenção
Waterplein Benthemplein em Roterdã, Holanda
Outra maneira revolucionária de usar a água é segurá-la e depois liberá-la gradualmente, a fim de diminuir a carga sobre os sistemas convencionais de tratamento de água. Isso diminui o transbordamento do sistema de escoamento e permite que as estações de tratamento ou corpos naturais de água lidem lentamente com a ocorrência crescente de inundações que as mudanças climáticas estão causando hoje.
Waterplein Benthemplein em Roterdã, nos Países Baixos, utiliza espaço público para abordar a questão das inundações. Três bacias de concreto foram projetadas para reter água e depois liberá-la lentamente. Esta é realmente uma maneira única de projetar espaço público multiuso. Uma das bacias é alimentada por uma cachoeira que direciona a água da chuva para ela, e as outras são classificadas para coletar o escoamento ao redor para encher. Em tempo seco, cada bacia tem um uso diferente. As pessoas os utilizam para assentos, futebol e vôlei. Espaços íntimos são criados com plantios que também captam a água. Roterdã é uma cidade de água, e lidar com ela em praça pública é uma maneira clara e evidente de criar espaços multifuncionais que aumentam a eficiência da gestão das águas pluviais enquanto educam a comunidade. O armazenamento temporário do excesso de água da chuva pode aumentar a eficiência dessa infraestrutura e nos mostrar o que realmente acontece quando chove. Veja abaixo como isso funciona, em holandês.
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1. Pequenas Intervenções conectadas
Ecodistrict , no sudoeste de Washington, DC, Estados Unidos
Uma das formas mais eficientes e facilmente implementadas para lidar com a água no meio ambiente é através de uma rede de intervenções de pequena escala que mitigam o escoamento e a poluição.
Projetar um sistema é o que funciona, e é como o novo desenvolvimento deve ser enfrentado – cria uma paisagem coesa que aborda questões em todos os sentidos. Imagine se cada nova reforma e rua incorporasse instalações de águas pluviais nela. Os benefícios se somam rapidamente e resultam em um sistema eficiente em geral. Foi exatamente assim que o SW Ecodistrict em Washington D.C. foi projetado.
Como um bairro planejado de uso misto, a SW Ecodistrict incorpora sustentabilidade em todos os detalhes. A rica vida nas ruas é alcançada através de ruas verdes e uma via verde que acomoda ciclo faixas para bicicletas, locais para caminhada e agricultura urbana. O excesso de águas pluviais é capturado em túneis que a levam a ser tratada e reutilizada como água limpa para o bairro.
Cada superfície é maximizada para eficiência – a comida é cultivada em telhados, ruas e laterais dos edifícios. As ruas são repletas de faixas de águas pluviais que são bonitas, atraindo vida selvagem e pessoas, enquanto funcionam em nível ambiental. Este projeto realmente fomenta a gestão da comunidade e a sustentabilidade. Os túneis de águas pluviais movem a água e levam as pessoas a se conectarem com sistemas naturais, incorporando-os nas ruas onde podem se tornar um elemento muito ativo.
Uso da água no Paisagismo Sustentável
A água pode ser utilizada de tantas formas, e esses projetos se mostram exemplos de somente algumas das inovações no planejamento da água.
As águas pluviais não devem ser vistas como algo com o qual "temos que" lidar, mas sim como uma oportunidade para criar uma comunidade mais sustentável e eficiente que una as pessoas e a natureza como um elemento só.
Use algumas dessas ideias para pensar sobre o ciclo da água e a infraestrutura projetada de novas formas, relacionadas ao design como um todo – incorporando água, pessoas, edifícios e natureza em uma harmonia dinâmica.
E conte conosco para ajuda-lo a construir e implementar o seu projeto. Veja aqui um estudo de caso da estação sustentável Santander onde os times de projetos sustentáveis do Grupo VG projetou e viabilizou toda a execução do planejamento da água integrada ao paisagismo.